PORTO BELO — “Eu vou votar no Getúlio”, anunciou um aluno do 9º ano na fila de votação da Escola Básica Municipal (EBM) Professora Nair Rebelo dos Santos, no bairro Vila Nova. Ele estava fazendo troça: não havia nenhum Getúlio Vargas na cédula de votação daquela escola (sim, ele se referia ao ex-presidente da República). Porém, descontada a compreensível irreverência pré-adolescente, foi com seriedade de gente grande que os estudantes das escolas de ensino fundamental do município participaram, pela terceira vez, das eleições do programa Vereador e Vereadora Mirim, da Câmara Municipal. Turmas de 6º ao 9º ano das unidades de ensino das redes pública e privada do município foram às urnas nesta quinta-feira (21) e escolheram seus representantes para a legislatura 2024 do projeto.
A movimentação no dia da eleição iniciou cedo, com a entrega de urnas nas escolas e preparação das “sessões eleitorais”. Vereadores, assessores parlamentares, equipes do Legislativo, com apoio de gestores, professores e demais profissionais das escolas, fizeram uma mobilização que permitiu a quase 1500 alunos exercer o voto. Antes disso, houve inscrição de candidatos e campanha eleitoral, iniciada no começo de março. De acordo com Sabrina Slomp, diretora pedagógica do Colégio Cepavi, estabelecimento privado, a adesão foi exemplar: “Eu senti que eles ficaram bem entusiasmados. Os candidatos se empenharam para fazer suas campanhas”, avaliou.Posicionado do outro lado do balcão, o vereador Bento Voltolini (PL), que auxiliou a votação no Nair, ficou impressionado com a participação estudantil. Chamou-lhe especialmente a atenção o fato de os estudantes com necessidades especiais terem tido total apoio da escola para poderem votar. “Achei importante que todos tiveram o direito de exercer o seu voto”, observou. Para Diogo Santos (MDB), que também esteve no Nair, os pontos a serem destacados foram a percepção de que os alunos têm demonstrado interesse crescente na política e a presença majoritária das meninas entre as candidatas e entre os eleitos. Diogo aposta em uma tendência que deve impactar as eleições municipais em não tão futuras eleições. “Vai refletir muito. É um resultado que fica [do programa]”, acredita.
Para o presidente da Câmara, vereador Magno Muñoz (MDB), o processo eleitoral correu da melhor forma possível. “Teve ampla participação dos alunos”, pontuou. Ele informou que planeja promover a diplomação dos eleitos já na primeira semana de abril. Porém, a primeira sessão da nova legislatura dos vereadores e vereadoras mirins deverá ser precedida de atividades preparatórias, como cursos de oratória, capacitação em legislação, função parlamentar e simulação de uma sessão ordinária. Tudo isso para que, quando de fato assumirem o mandato, provavelmente na segunda semana de abril, estejam perfeitamente afiados para fazer uma boa vereança mirim.